Estudantes brasileiros levam ouro e prata na VI Olimpíada Ibero-Americana de Biologia

Competição foi realizada em Cascais, em Portugal, entre os dias 3 e 7 de setembro. Todos os alunos da delegação brasileira conquistaram medalhas

 

teatro gil vicente

Teatro Gil Vicente, onde aconteceram as competições

O bom resultado do Brasil na VI Olimpíada Ibero-Americana de Biologia reforçou a importância da participação do País nesse tipo de evento. Os quatro alunos da delegação brasileira que participaram da competição receberam medalhas: duas de ouro e duas de prata.

“Mesmo com as dificuldades de recursos, estamos conseguindo melhorar as condições de ensino no Brasil por meio do incentivo de alunos no campo da Biologia”, diz a presidente da Associação Nacional de Biossegurança (ANBio), Dra. Leila Macedo Oda. A ANBio é responsável pela Olimpíada Brasileira de Biologia, organizada desde 2005 com o objetivo de estimular o interesse pelas Ciências da Vida em estudantes do ensino médio.

Liderada pelo professor José Pelielo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a equipe brasileira que participou da VI Olimpíada Ibero-Americana de Biologia foi formada por quatro estudantes: Leonardo Affonso Costa e Antonio Pedro Souza Vieira, que ganharam o ouro, e Ivan Tadeu Antunes Filho e Jessica Silva Lopes, que receberam a medalha de prata. Pela primeira vez, um aluno de escola pública competiu em um evento internacional e ganhou medalha de ouro.

Para chegar à competição, a delegação brasileira passou por uma série de dificuldades por conta da falta de recursos e patrocínio. A participação só foi possível com o esforço dos pais dos alunos e o apoio das escolas, que arcaram com as passagens, e da Ordem dos Biólogos de Portugal, que ficou responsável pela estadia e outras despesas da equipe.

“Precisamos de mais apoio de empresas e do governo para colocar os estudantes brasileiros em competições internacionais, que estimulam o conhecimento e levam o nome do Brasil para todo o mundo, como a Olimpíada de Biologia. Mas as medalhas conquistadas mostram que estamos no caminho certo”, conclui Leila.

This is a news website article about a scientific paper

Martin Robbins

The Guardian

In the standfirst I will make a fairly obvious pun about the subject matter before posing an inane question I have no intention of really answering: is this an important scientific finding?
This is a news website article about a scientific paper

Science Process Diagram (clique para ampliar)

In this paragraph I will state the main claim that the research makes, making appropriate use of “scare quotes” to ensure that it’s clear that I have no opinion about this research whatsoever.

In this paragraph I will briefly (because no paragraph should be more than one line) state which existing scientific ideas this new research “challenges”.

If the research is about a potential cure, or a solution to a problem, this paragraph will describe how it will raise hopes for a group of sufferers or victims.

This paragraph elaborates on the claim, adding weasel-words like “the scientists say” to shift responsibility for establishing the likely truth or accuracy of the research findings on to absolutely anybody else but me, the journalist.

In this paragraph I will state in which journal the research will be published. I won’t provide a link because either a) the concept of adding links to web pages is alien to the editors, b) I can’t be bothered, or c) the journal inexplicably set the embargo on the press release to expire before the paper was actually published.

“Basically, this is a brief soundbite,” the scientist will say, from a department and university that I will give brief credit to. “The existing science is a bit dodgy, whereas my conclusion seems bang on” she or he will continue.

I will then briefly state how many years the scientist spent leading the study, to reinforce the fact that this is a serious study and worthy of being published by the BBC the website.

This is a sub-heading that gives the impression I am about to add useful context.

Here I will state that whatever was being researched was first discovered in some year, presenting a vague timeline in a token gesture toward establishing context for the reader.

To pad out this section I will include a variety of inane facts about the subject of the research that I gathered by Googling the topic and reading the Wikipedia article that appeared as the first link.

I will preface them with “it is believed” or “scientists think” to avoid giving the impression of passing any sort of personal judgement on even the most inane facts.

This fragment will be put on its own line for no obvious reason.

In this paragraph I will reference or quote some minor celebrity, historical figure, eccentric, or a group of sufferers; because my editors are ideologically committed to the idea that all news stories need a “human interest”, and I’m not convinced that the scientists are interesting enough.

At this point I will include a picture, because our search engine optimisation experts have determined that humans are incapable of reading more than 400 words without one.

This subheading hints at controversy with a curt phrase and a question mark?

This paragraph will explain that while some scientists believe one thing to be true, other people believe another, different thing to be true.

In this paragraph I will provide balance with a quote from another scientist in the field. Since I picked their name at random from a Google search, and since the research probably hasn’t even been published yet for them to see it, their response to my e-mail will be bland and non-committal.

“The research is useful”, they will say, “and gives us new information. However, we need more research before we can say if the conclusions are correct, so I would advise caution for now.”

If the subject is politically sensitive this paragraph will contain quotes from some fringe special interest group of people who, though having no apparent understanding of the subject, help to give the impression that genuine public “controversy” exists.

This paragraph will provide more comments from the author restating their beliefs about the research by basically repeating the same stuff they said in the earlier quotes but with slightly different words. They won’t address any of the criticisms above because I only had time to send out one round of e-mails.

This paragraph contained useful information or context, but was removed by the sub-editor to keep the article within an arbitrary word limit in case the internet runs out of space.

The final paragraph will state that some part of the result is still ambiguous, and that research will continue.

Related Links:

The Journal (not the actual paper, we don’t link to papers) [http://www.answersingenesis.org/arj]

The University Home Page (finding the researcher’s page would be too much effort). [http://www.wbschool.org/]

Unrelated story from 2007 matched by keyword analysis. [http://www.youtube.com/watch?v=ZOU8GIRUd_g]

Special interest group linked to for balance [http://www.jabs.org.uk]

NSJ Project: Seeking students worldwide for the New Science Journalism Project

nsjOn the verge of something absolutely possible … that is exactly the feeling we have here at the offices of the New Science Journalism (NSJ) Project.

The NSJ Project was penciled on to paper in 2008 as a means to address, (a) issues concerning the future of science journalism and science communication, (b) feverishly fast advances in internet technology, and (c) critical changes in the world around us.

The NSJ Project is endeavouring to utilise as much intelligent Internet media technology as possible and combine it with stringent morals of professionalism, and then bring together as many students from around the world as possible to produce a globally respected online science news magazine.

* saiba mais em New Science Journalism

Curso sobre a Amazônia começa dia 9 de maio

O curso “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”, destinado a 30 alunos de jornalismo, mas aberto também a outros interessados nas questões amazônicas, começa no dia 9 de maio, sábado. Trata-se de uma atividade de complementação universitária com uma dinâmica similar às situações que os estudantes encontrarão em conferências de imprensa seguidas de entrevistas coletivas em sua futura carreira profissional (leia o programa abaixo).

Esses estudantes foram escolhidos entre mais de cem inscritos para a seleção realizada no final de março. A partir das atividades que realizarão durante curso (inclusive a publicação de trabalho jornalístico em veículo impresso ou eletrônico), serão selecionados dez estudantes que farão uma viagem de estudos à Amazônia Ocidental em julho, acompanhados de professores e profissionais da área jornalística e apoio do Exército e da Aeronáutica.

O curso acontecerá nas manhãs dos quatro sábados de maio no Auditório Carolina Bori do Instituto de Psicologia da USP (Av. Mello Moraes, 1.721, Bloco G, Cidade Universitária, São Paulo).

Quem desejar assistir às conferências e entrevistas coletivas deve se inscrever na página http://www.iea.usp.br/iea/inscricao/form1.html e aguardar a confirmação da inscrição. Entretanto, apenas os 30 estudantes de jornalismo poderão apresentar questões aos expositores durantes as entrevistas coletivas.

O curso é uma iniciativa do IEA, OBORÉ Projetos Especiais em Comunicações e Artes, Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx), Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAer) e Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas e Sociais (IPDF). A coordenação é de Pedro Ortiz, diretor da TV USP e professor da Faculdade Cásper Líbero.
* mais informações no site do Instituto de Estudos Avançados da USP

Explainer: How carbon is captured and stored

The three main techniques for preventing carbon dioxide from coal-fired power stations contributing to global warming

drax1_180Carbon capture and storage (CCS) is a range of technologies that hold the promise of trapping up to 90% of the carbon dioxide emissions from power stations and industrial sites. It involves collecting, transporting and then burying the CO2 so that it does not escape into the atmosphere and contribute to climate change.

There are three main techniques: the post-combustion process involves scrubbing the power plant’s exhaust gas using chemicals. Pre-combustion CCS takes place before the fuel is placed in the furnace by first converting coal into a clean-burning gas and stripping out the CO2 released by the process. The third method, oxyfuel, burns the coal in an atmosphere with a higher concentration of pure oxygen, resulting in an exhaust gas that is almost pure CO2. (See below for further details).

Once the CO2 has been trapped, it is liquefied, transported – sometimes for several hundred miles – and buried, either in suitable geological formations, deep underground saline aquifers or disused oil fields. The last method is often used in a process called “enhanced oil recovery”, where CO2 is pumped into an oil field to force out the remaining pockets of oil that would otherwise prove difficult to extract. (continua)

* leia mais em The Guardian

Leia também

How to survive the coming century

ALLIGATORS basking off the English coast; a vast Brazilian desert; the mythical lost cities of Saigon, New Orleans, Venice and Mumbai; and 90 per cent of humanity vanished. Welcome to the world warmed by 4 °C.

Clearly this is a vision of the future that no one wants, but it might happen. Fearing that the best efforts to curb greenhouse gas emissions may fail, or that planetary climate feedback mechanisms will accelerate warming, some scientists and economists are considering not only what this world of the future might be like, but how it could sustain a growing human population. They argue that surviving in the kinds of numbers that exist today, or even more, will be possible, but only if we use our uniquely human ingenuity to cooperate as a species to radically reorganise our world. (continua)

* leia mais em New Scientist

País terá oito novos laboratórios para pesquisas com células-tronco

Instalações seguirão normas de Boas Práticas de Fabricação; centros atuais não têm nível de segurança ideal

embryos10Apesar de o País ter anunciado alguns avanços importantes nas pesquisas com células-tronco, a maioria dos laboratórios dos principais centros de pesquisa brasileiros ainda não possui estrutura adequada para esse tipo de estudo. Para melhorá-los, o governo está financiando a construção de oito centros com laboratórios de acordo com as Boas Práticas de Fabricação, que devem ficar prontos até 2011.

Segundo a pesquisadora-chefe do Centro de Medula Óssea do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Eliana Abdelhay, as células pluripotentes (que têm a capacidade de se transformar em qualquer tecido do organismo) obtidas pelos pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Inca no início do ano foram produzidas em laboratórios de nível de segurança intermediário. Para ela, deveriam ter sido feitas em salas vedadas e com normas mais rígidas de segurança – em um nível considerado avançado – para evitar contaminação das células em cultura . (continua)

* leia mais em O Estado de S. Paulo

Leia também

Embryonic stem cells: US trial of paralysis treatment gets go-ahead

FDA clearance for pioneering but controversial stem cell treatment brings hope to paralysed patients
Up to 10 people with spinal cord injuries will this summer become the first in the world to be given a treatment based on embryonic stem cells, after US regulators approved a long-awaited but controversial trial.

The technique, which has the potential to heal paralysed patients by regenerating damaged spinal nerves, has attracted vocal objections from religious and pro-life organisations because the cells are taken from surplus embryos at IVF clinics.

The ruling from the US Food and Drug Administration gives Geron, a California-based biotech company, permission to inject eight to 10 patients with cells derived from embryonic stem cells. (continua)

* Leia mais em The Guardian

Should we allow research using human-animal hybrid embryos?

One year ago, the first licenses for research on human-animal hybrid embryos were granted. Should they be extended?

Ethicists like to talk about something called the “yuck factor” when they discuss the impact of biotechnology. It is a measure of just how unnatural and upsetting any scientific procedure seems. And the construction of human-animal hybrid embryos pushes the yuck factor right up to the limit. No one seems to have minded when the experiments which produced Dolly the sheep also produced curious hybrids of sheep and goats where the adult animal was a mosaic of cells from two different species. But scientists doing the same to humans has seemed strange and terrible ever since HG Wells first imagined it the Island of Dr Moreau. So what are the possible benefits, and are there grounds for our revulsion? (continua)

* leia mais em The Guardian

Protesters outside parliament on the first day of the report stage of the human fertilisation and embryology bill in the UK House of Lords, January 2008. Photograph: Andrew Parsons/PA Wire

Protesters outside parliament on the first day of the report stage of the human fertilisation and embryology bill in the UK House of Lords, January 2008. Photograph: Andrew Parsons/PA Wire

Físico afirma que aquecimento global afeta rotação da Terra

O aquecimento global é um dos fatores que influencia a desaceleração da rotação da Terra, mesmo que muito ligeiramente, devido ao aumento do nível dos oceanos pelo degelo dos pólos, o que está afetando as marés e as forças de atração gravitacionais com a Lua.

Em entrevista à agência de notícias Efe, o astrofísico do Goddar Space Flight Center da Nasa (agência espacial americana) Fred Spenak, um dos maiores especialistas em eclipses no mundo e autor de vários trabalhos para a previsão destes, explicou seu trabalho sobre a questão.

Outro dos fatores que, segundo o especialista, está influenciando nesta desaceleração da Terra, cuja rotação não possui um ritmo constante, e que se resolve em termos práticos a cada período de tempo com o ajuste dos relógios atômicos, tem a ver com a composição interna do planeta.(continua)

* leia mais em Folha Online

Células-tronco: o combate à ficção

A palestra de abertura do fórum “Células-tronco: ficção, realidade e ética”, apresentada por Austin Smith, diretor do Centro de Investigação em Células-Tronco, da Wellcome Trust Centre for Stem Cells Research, de Cambridge, Inglaterra, no último dia 11 no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo, começou com dois slides curiosos. O primeiro trazia uma foto do comandante inglês Nelson, que liderou a batalha de Trafalgar e derrotou as tropas de Napoleão em 1805; e o segundo mostrava a pata de uma salamandra em regeneração após ter sido amputada. Segundo o palestrante, a foto do almirante era uma homenagem ao seu país. No entanto, o detalhe apontado por ele – o braço mutilado que herdou da batalha – ilustrava o desejo humano de alcançar a regeneração, algo de que as salamandras são capazes. “Este é um sonho a respeito das células-tronco”, comentou, referindo-se à ficção gerada em torno do assunto e presente no título do fórum.

O evento fez parte do Encontro Internacional sobre Células Tronco, realizado entre os dias 11 e 18 numa parceria do British Counsil com o Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Assistidos por uma platéia composta principalmente por médicos e pesquisadores, mas que também contava com muitos estudantes e pessoas interessadas pelo assunto, os pesquisadores deram uma visão geral sobre os avanços, as ficções e as questões éticas em torno das pesquisas com células-tronco.

Informação e divulgação

Apesar dos diversos resultados positivos obtidos por pesquisadores do mundo todo, os palestrantes foram enfáticos ao falar sobre as limitações da utilização dessas células como armas terapêuticas em pacientes. E foi consenso o tom de ceticismo em relação às aplicações terapêuticas em um curto espaço de tempo. Segundo Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, dois ensaios terapêuticos com células-tronco que começarão neste ano – um nos Estados Unidos com lesões de medula e outro na Inglaterra com pessoas que sofreram derrame – irão trazer muita informação e permitir que etapas sejam puladas em estudos futuros. (continua)
:: Ana Paula Morales ::

* leia mais em ComCiência

Cerrado: No coração do gigante


Photo in Natura/Daniel De GranvilleLagoa Serra Espírito Santo Foto: Photo in Natura/Daniel De Granville

Por quatro séculos nenhuma comunidade ou sociedade (indígena, de colonizadores ou bandeirantes) abalou a integridade desse complexo ecossistema. Nossa colonização focara basicamente a costa e o interior ficou em segundo plano. Na década de 1950, porém, Brasília foi instaurada no “coração do Brasil” e, a partir daí, a região centro-oeste se tornou a nova fronteira agrícola e o Cerrado, assim como outros grandes biomas em todo o mundo, entrou na luta pela sobrevivência frente ao “progresso”. E o progresso, em termos modernistas, que balizou também a arquitetura da capital, não deixou muito espaço para que o projeto da natureza continuasse a se desenvolver sem a interferência do homem. Brasília, aliás, foi seu algoz novamente quando, em 1988, os parlamentares responsáveis pelo capítulo do meio ambiente da Constituição Federal não incluíram o Cerrado nem a Caatinga como patrimônios nacionais. Desde então esse bioma resiste à degradação. (continua)

:: Enio Rodrigo B. Silva::

* leia mais em ComCiência

Photo in Natura/Daniel De Granville

"A imagem que se tem do Cerrado, no geral, é a de um local com uma vegetação não muito bonita e de um clima seco o ano todo, o que é completamente errado" Foto: Photo in Natura/Daniel De Granville

Megadiversidade corroída em ritmo acelerado

Trinta e quatro regiões no mundo inteiro são consideradas áreas prioritárias de conservação (hotspots), por abrigarem verdadeiros tesouros biológicos; duas dessas regiões estão no Brasil e uma delas é a do Cerrado (e a outra, por incrível que pareça, não é a Amazônia, mas a Mata Atlântica). O desmatamento no Cerrado anda a passos largos anualmente e as propriedades agrícolas podem, apoiadas pelo Código Florestal vigente, preservar apenas 20% da área nativa, bem diferente do que ocorre em florestas tropicais, como a Amazônia, nas quais esse percentual corresponde ao máximo que se permite desmatar. São 12.356 espécies da flora e mais de 2.546 animais catalogados, meros 10% do que existia originalmente nesse bioma. É também o berço de três das maiores bacias da América Latina (Amazônica, Paraná-Paraguai e São Francisco). Tantas riquezas ainda não foram suficientes para acender um alerta para garantir a sobrevivência, manutenção e conservação do Cerrado, segundo maior bioma nacional. Outra riqueza, essa produzida em seus mais de 70% de território degradado, tem sido a prioridade nacional: a agropecuária e o carvão vegetal. (continua)

:: Germana Barata ::

* leia mais em ComCiência

ger

A busca por números da devastação

Uma vereda de água gelada e cristalina, cercada de imponentes buritis. Um cheiro característico, que só quem já caminhou por um Cerrado fechado pode reconhecer. Um fruto avermelhado aberto de chichá, com suas sementes pretas perfeitamente alinhadas, como se fossem contas de um colar. Uma moita repleta de gabiroba, fruta amarelada, deliciosa. Esses são exemplos do que uma visita ao Cerrado pode propiciar, bioma com características marcantes e ainda pouco conhecidas de muitos brasileiros, embora seja um dos mais ricos em biodiversidade do mundo, patrimônio genético sem preço, região de nascentes das grandes bacias brasileiras e com inúmeras espécies nativas com potencial ornamental, interesse farmacêutico e frutas comestíveis. (continua)

:: Cristina Caldas ::

* leia mais em ComCiência

cris

Do ouro à soja: riquezas do Brasil Central

A região do Cerrado brasileiro, localizada na porção central do país, teve uma participação preponderante no desenvolvimento do agronegócio brasileiro nos últimos quarenta anos. Um dos carros-chefe desse grande impulso tem sido a soja, cujo maior produtor individual do mundo é o Grupo Maggi, da família do governador de Mato Grosso. Desde as primeiras descobertas de ouro no Brasil Central, no período colonial, a região nunca esteve tão próxima de um protagonismo mais vigoroso na economia do país. Mas os desafios para o futuro não são poucos: o capital agropecuário, por si só, ainda não foi suficiente para alavancar uma industrialização mais robusta e diversificada; as terras e riquezas nelas produzidas sempre foram muito concentradas; e o bioma do Cerrado tem sofrido uma retração cada vez mais preocupante. Quando já tiver passado o tormento da atual crise financeira mundial, no entanto, a região central do país tem a faca e o queijo nas mãos: infra-estrutura e demanda interna propícias para a industrialização, por um lado; e por outro, vê ganhar força o manejo de produtos como o pequi e a castanha-do-cerrado para geração de renda entre assentados rurais aliada à preservação do bioma. (continua)

:: Rodrigo Cunha ::

* leia mais em ComCiência

susana2

Cultura, resistência, memória e identidade

“Enquanto a cultura do Norte, Nordeste e Sudeste foi bastante divulgada no país, a cultura do Cerrado ainda é pouco conhecida. As pessoas acham que no centro do Brasil só se produz música sertaneja”, avalia Veronica Aldè, musicista e pesquisadora do Instituto Trópico Subúmido (ITS) da Universidade Católica de Goiás (UCB). Além dela, trabalham no instituto mais quatro músicos pesquisadores que investigam as influências indígenas, européias e africanas na cultura do povo do Cerrado. Aldè, que desenvolve projetos com as comunidades indígenas, em especial os Krahô, explica que “cultura, território e conflitos estão relacionados e, ao trabalhar com esses povos, é inevitável pensar sobre o encontro de diferentes culturas e suas conseqüências”. (continua)
:: Susana Dias ::

* leia mais em ComCiência

susana1

E leia também

Artigo científico de professora da UFU é capa da Revista Science

Artigo trata da toxoplasmose, doença que atinge 1/3 da população mundial

mailUm artigo científico sobre toxoplasmose, que contou a colaboração da professora Janethe Pena, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) foi capa da revista americana Science, de 23 de janeiro (www.sciencemag.org). O periódico semanal é uma das mais importantes publicações científicas do mundo. Janethe Pena que é professora de imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da UFU e diretora de Propriedade Intelecutal e Inovação Tecnológica foi uma das colaboradoras do artigo, ao lado de pesquisadores norte-americanos. Neste trabalho, os pesquisadores descreveram um novo gene do parasita Toxoplasma gondii e descobriram que, na ausência deste gene, o parasita perde a capacidade de causar doença em camundongos, o que sugere que este gene é um importante fator de virulência do parasita.

Segundo a professora, é importante chamar a atenção para a toxoplasmose que atinge aproximadamente 1/3 da população mundial. Uma pesquisa recente feita pela UFU apontou que cerca de 40% da população de Uberlândia tem a doença. “Apesar da incidência, a maioria das pessoas não sabe, porque, em alguns casos, os sintomas são semelhantes ao de uma gripe forte”, lembra Janethe.

A toxoplasmose é transmitida por um protozoário, o Toxoplasma gondii,sendo os gatos os hospedeiros definitivos e transmissores da doença através da eliminação de formas infectantes (oocistos) nas fezes. Na verdade, existem várias formas de contaminação, entre elas: Pelo contato com oocistos presentes em solo contaminado por fezes de gatos, ingestão de verduras cruas contaminadas com oocistos (especialmente quando adubadas com estrume), ingestão de água contaminada com os oocistos, ingestão de carne crua ou mal cozida de animais infectados (especialmente carne de carneiro e coração de galinha) e por transmissão intra-uterina. Esta última, a forma congênita, é a mais grave. A transmissão vertical, ou seja, durante a gravidez, pode trazer sérias conseqüências. “A toxoplasmose, neste caso, pode provocar aborto, prematuridade, restrição de crescimento intra-uterino, icterícia, hemorragia, problemas oculares graves, distúrbios neurológicos e até o óbito”, destaca Vânia Abdallah, do serviço de neonatologia do Hospital de Clínicas da UFU.

 A médica ressalta que, durante a gravidez, algumas medidas preventivas podem ser adotadas como: Realização de exames a cada três meses, ingestão de carne bem cozida, lavar bem verduras e frutas e, evitar contato com areia e terra, que podem estar contaminadas com fezes de gato, o hospedeiro definitivo do protozoário.

Segundo a professora Eloísa Ferro, coordenadora do programa de pós-graduação em imunologia e parasitologia aplicadas da UFU e pesquisadora na área de toxoplasmose congênita, mulheres grávidas com sorologia positiva tem risco bastante reduzido de transmitir toxoplasmose ao feto, pois o sistema imunológico da mãe já está preparado para conter a infecção e evitar a contaminação do bebê. 

Janethe Pena faz parte, desde 2002, de um grupo de pesquisa multidisciplinar da UFU coordenado pelo professor José Roberto Mineo, que estuda a toxoplasmose desde 1986, e do qual fazem parte as professoras Vânia Abdallah (Neonatologia), Angélica Debbs (Ultrassonografia), Maria Célia Santos (Ginecologia e Obstetrícia), Eloísa Ferro e Neide Silva (Instituto de Ciências Biomédicas), bem como estudantes de graduação e pós-graduação. “O que mais chama a atenção é que nestes vinte e dois anos de pesquisa os números da doença não diminuíram, continuando a fazer vítimas e qualquer pessoa está exposta à toxoplasmose”, ressalta a professora.

A doença

A toxoplasmose é uma doença infecciosa, não contagiosa. A infecção nos humanos é assintomática em 80 a 90 % dos casos e pode passar despercebida naqueles pacientes cuja imunidade é normal. As defesas imunológicas da pessoa podem deixar este parasita “inerte” no corpo por tempo indeterminado. No entanto, quando esta pessoa apresenta diminuição nas defesas imunológicas, por qualquer razão (Aids, câncer, ou até mesmo após uma doença muito debilitante), os sintomas e a toxoplasmose podem se manifestar.

* da Assessoria de Comunicação da UFU

 

Leia também

Rapid Membrane Disruption by a Perforin-Like Protein Facilitates Parasite Exit from Host Cells

Perforin-like proteins are expressed by many bacterial and protozoan pathogens, yet little is known about their function or mode of action. Here, we describe Toxoplasma perforin-like protein 1 (TgPLP1), a secreted perforin-like protein of the intracellular protozoan pathogen Toxoplasma gondii that displays structural features necessary for pore formation. (continua)

* publicado em Science Magazine

Site do Núcleo dos Matos é lançado

picture-2

Site do Núcleo dos Matos

Os integrantes do Núcleo de Ecomunicadores dos Matos (NEM) comemoram o lançamento do site da instituição. Fruto do projeto “Rádio Ecologia: uma ferramenta educacional para promover a qualidade de vida na Bacia do Alto Paraguai”. A página foi implementada com ferramentas multimídias como o programa de rádio Boca da Mata que pode ser ouvido na página e também baixado. Fotos, notícias, relatos e entrevistas estão acessíveis aos usuários.

Os produtores do site esperam receber sugestões de pautas através do novo veículo e se tornar um serviço de difusão das questões ambientais no contexto dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e suas regiões de fronteira. A própria comunicação socioambiental também será abordada na página, buscando motivar uma maior compreensão das relações sociedade, mídia e ambiente.

Projetos e ações

O ano de 2008 foi de muitas conquistas para o NEM com o início da execução dos primeiros projetos do Núcleo. O coletivo já existia desde 2005, quando foi criado no I Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, em Santos. E este ano a instuticionalização foi oficializada na primeira assembléia-geral, em junho de 2008. A consolidação da entidade teve o apoio do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS), que em parceria com o NEM, enviou projeto ao Programa de Apoio à Pequenos Projetos do Cômite Holandês da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN NL).

Com a aprovação o NEM obteve apoio para a estruturação oficial da entidade e realizou a assembléia-geral e o registro da Ong. Além disso pôde desenvolver seus primeiros produtos de comunicação: este site e os programas de rádio Boca da Mata. Parte dos equipamentos e despesas institucionais da Ong também estão sendo apoiadas pelo programa de pequenos fundos do Casa (Centro de Apoio Socioambiental) com aprovação do projeto: Estruturação do NEM: uma ferramenta de fortalecimento da comunicação socioambiental. Em 2009, o NEM promoverá um evento regional com apoio deste projeto.

* publicada originalmente em Núcleo de Ecomunicadores dos Matos (NEM) 

Instituições científicas aprovam trabalho anti-desmatamento do governo brasileiro

Desde janeiro deste ano o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tem travado um duelo científico e político com o governo estadual do Mato Grosso no que diz respeito ao desmatamento na Amazônia. A discussão se deve ao grau de confiabilidade do sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) que mede, através de satélites, todas as etapas do processo de devastação da floresta. Enquanto a sociedade aguarda o desenrolar dos fatos, algumas instituições científicas de renome no Brasil e no exterior declararam em março total confiança no sistema brasileiro.

O entrave começou em janeiro quando o Inpe divulgou um alerta de desmatamento na Amazônia que dizia que mais de 1000 quilômetros quadrados de floresta por mês foram desmatados nos último trimestre de 2007. O instituto salientou o fato de que o desmatamento na região, que caía nos últimos anos, ter grandes possibilidades de aumentar 10% até o fim de 2008.

Comparação entre área rastreada pelos satélites do INPE e paises europeus.
Fonte: INPA

Dias depois do alerta o Ministério do Meio Ambiente publicou uma lista com os 36 municípios que mais desmataram em 2007. A lista obtida com base nos dados do Deter possui 19 cidades mato-grossenses (52,7%). Com a inclusão de seus nomes à lista, tais municípios passaram a sofrer um controle anti-desmatamento mais rígido por parte do Ibama. Alguns locais foram até mesmo impedidos de desmatar.

Incrédulos com os resultados apontados pelo Deter, técnicos do governado do Mato Grosso iniciaram uma série de visitas de campo às cidades enquadradas no trabalho de rastreamento do Inpe. Essas visitas resultaram em um relatório publicado em março que afirma que dos 505 pontos de desmatamento apresentados pelo Inpe no estado, apenas 6,5% são realmente recentes.

Para o governador do Mato Grosso Blairo Maggi as derrubadas apontadas pelo Inpe como recentes são antigas, resultado de incêndios florestais ou de interpretações equivocadas das imagens de satélite. Com base no relatório feito por sua equipe, Maggi pediu ao presidente Lula e à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a retirada dos municípios do Mato Grosso da lista dos que mais desmataram.

O Inpe se defende das acusações de Maggi. O climatólogo do Instituto Carlos Nobre diz que os dados obtidos através do Deter foram muito bem checados e “os desmatamentos observados pelo satélite no segundo semestre de 2007 são bastante superiores aos observados no segundo semestre de 2006”.

Estando as cartas expostas na mesa, a academia começou a expressar sua opinião. Em nota oficial o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Marco Antônio Raupp, diz que “os números alarmantes divulgados no início deste ano [pelo Inpe] foram verificados com rigor por seus pesquisadores e foram resultados de inúmeras checagens. A SBPC confia na seriedade e capacidade técnica dos profissionais na elaboração destes dados e acredita incondicionalmente na idoneidade da instituição”.

Após uma reunião científica ocorrida dia 14 de março com o presidente do Inpe, Gilberto Câmara, a Associação Brasileira de Ciências (ABC) também expressou seu apoio ao trabalho feito pelo Instituto. Em seu site na internet a associação diz ter “total confiança na capacidade e integridade científica” do mesmo.

Outro a apoiar a credibilidade das operações do Deter é o ministro da Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende. Já na época em que foi publicado o alerta de desmatamento ele disse ter de 95% a 97% de segurança de que os dados estão corretos. “Em ciência nunca há 100% de certeza”, acrescenta.

Um último aliado de peso do Inpe na batalha pela comprovação da seriedade do seu trabalho veio da renomada revista científica Nature. Na edição de 13 de março foi publicado um editorial, uma matéria e uma entrevista (com Carlos Nobre) sobre a questão do desmatamento e do trabalho feito pelo Inpe. No editorial a revista diz que “em muitas maneiras o Brasil está mais bem equipado para lidar com o problema [do desmatamento] do que outras nações com floresta tropical. Cientistas do INPE foram pioneiros em métodos e tecnologias para rastrear desmatamento na Amazônia, dando ao país uma capacidade sem paralelo para monitorar suas florestas desde o espaço”.

Falso positivo do Deter

Dentre o que os satélites do sistema Deter realmente enxerga, um dos pontos acusados como falho pelo governo do Mato Grosso é o falso positivo. O relatório publicado no mês passado por técnicos do governo daquele estado diz que 14% da área que aparece como desmatada nos relatórios do Inpe estão, na verdade, intactas.

O Instituto se defende. Gilberto Câmara diz que foi feita uma verificação recente no mês de fevereiro na região de Sinop, em Mato Grosso. Lá foram checados 40 pontos indicados pelo Deter como focos de desmatamento e, segundo ele, identificou-se 100% de acerto. “O que vimos foi caminhão de madeira sendo carregado em período em que não se desmata, coberto com lona preta para tentar evitar a captação por satélite. Vimos a utilização do “correntão”, que são tratores com correntes que fazem um arrastão dos restos da queimada para limpar o campo para pastagem. Estamos, portanto, bastante tranqüilos quando aos resultados apresentados, pois nosso trabalho de campo mostra que o Deter está cumprindo sua missão”, concluiu Câmara.

:: Luiz Paulo Juttel ::
* Com colaboração de Elisa Oswaldo-Cruz.

Derrota dos céticos

A matéria abaixo foi publicada hoje (3 de abril) pelo site da BBC. A pesquisa tenta derrubar o argumento preferido dos “céticos” sobre o aquecimento global: de que a causa seria natural — a atividade solar — e não provocada pela ação do ser humano.

Ricardo Brandau

Cientistas britânicos produziram novas e convincentes provas de que a mudança climática atual não é causada por mudanças na atividade solar.

A pesquisa contradiz a teoria favorita dos “céticos” do aquecimento global, segundo a qual raios cósmicos vindos para a Terra – e não as emissões de carbono – determinam a quantidade de nuvens no céu e a temperatura no planeta.

A idéia é que variações na atividade solar afetam a intensidade dos raios cósmicos, mas cientistas da Universidade de Lancaster descobriram que não houve nenhuma relação significativa entre as duas variáveis nos últimos 20 anos.

Apresentando suas descobertas na revista científica Environmental Research Letters, a equipe britânica explicou que foram usadas três diferentes maneiras para procurar uma correlação, e praticamente nenhuma foi encontrada.

Esta é a mais recente prova a colocar sob intensa pressão a teoria dos raios cósmicos, desenvolvida pelo cientista dinamarquês Henrik Svensmark, do Centro Espacial Nacional da Dinamarca.

As idéias defendidas por Svensmark formaram o principal argumento do documentário The Great Global Warming Swindle (A Grande Fraude do Aquecimento Global, em tradução livre), exibido pela televisão britânica, que intensificou os debates sobre as causas das mudanças climáticas atuais.

Caminho errado

“Começamos este jogo por causa do trabalho de Svensmark”, disse Terry Sloan, da Universidade de Lancaster.

“Se ele está certo, então estamos no caminho errado tomando todas essas medidas caras para cortar as emissões de carbono; se ele está certo, podemos continuar a emitir carbono normalmente.”

Os raios cósmicos são refletidos da superfície da Terra pelo campo magnético do planeta e pelo vento solar – correntes de partículas eletricamente carregadas vindas do Sol.

A hipótese de Svensmark é que, quando o vento solar está fraco, mais raios cósmicos penetram na atmosfera, o que aumenta a formação de nuvens e esfria o planeta. Quando os raios solares estão mais fortes, a temperatura na Terra sobe.

A equipe de Terry Sloan estudou essa relação analisando partes do planeta e períodos de tempo em que se registraram a chegada forte ou fraca de raios cósmicos. Eles então verificaram se isso afetou a formação de nuvens nesses locais e nesses momentos e não encontraram nada.

No curso de um dos ciclos naturais de 11 anos do Sol, houve uma frágil correlação entre a intensidade dos raios cósmicos e a quantidade de nuvens no céu. Mesmo assim, a variação dos raios cósmicos explicaria apenas um quarto das mudanças nas nuvens.

No ciclo seguinte, nenhuma relação foi encontrada.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), em sua vasta avaliação sobre a questão feita no ano passado, concluiu que desde que as temperaturas começaram a aumentar rapidamente nos anos 70, os gases de efeito estufa produzidos pelo homem tiveram um peso 13 vezes maior no aquecimento global que a variação da atividade solar.

“Tentamos corroborar a hipótese de Svensmark, mas não conseguimos. Até onde podemos constatar, ele não tem nenhuma razão para desafiar o IPCC – o IPCC está certo. Então, é melhor continuarmos a cortar as emissões de carbono”, disse Terry Sloan.

Células-tronco em foco

O futuro das pesquisas com células-tronco no Brasil voltou à pauta do dia (se é que algum dia havia deixado). Na última quarta-feira, dia 5 de março, o Supremo Tribunal Federal começou a julgar a ação de inconstitucionalidade contra o artigo da Lei de Biossegurança que libera o uso de embriões congelados neste tipo de pesquisa. Após o pedido de vista do processo feito pelo ministro Carlos Alberto Menezes Direito, o julgamento foi adiado por prazo indeterminado.

Leia abaixo artigo de Alberto Dines, publicado no Observatório de Imprensa, sobre o papel da mídia em meio ao debate acerca do tema.

A imprensa no embate entre humanismo e religião

Por Alberto Dines em 11/3/2008, Observatório da Imprensa

Um debate de idéias como há muito não se via no país. A polêmica sobre a pesquisa científica com embriões humanos poderá estabelecer novos paradigmas de discussão numa sociedade que, ultimamente, entregou-se ao ressentimento e à intolerância.

O diferencial está sendo oferecido involuntariamente pela imprensa que, sem esconder sua preferência pelo racionalismo e pelo secularismo, mostra uma inequívoca deferência (ou complacência) pela outra parte: a Igreja Católica. As objeções que em outras circunstâncias e em outros países seriam transformadas num ataque frontal contra o obscurantismo, aqui estão sendo atenuadas pela reverência à religião que durante 508 anos, apesar dos disfarces jurídicos, é a religião oficial.

A ação de inconstitucionalidade impetrada pela Procuradoria Geral da República em 2005 contra a Lei de Biossegurança, apesar do malabarismo do seu autor – Cláudio Fonteles – em sustentá-la com argumentação jurídica, é uma peça teológica. Respeitável, mas teológica.

História do conhecimento
Dividida entre o seu incontornável compromisso com a razão e sua histórica submissão à Igreja, a mídia – sobretudo a mídia impressa – não tem outro caminho senão jogar o debate para as alturas. O que é muito bom em matéria de urbanidade e péssimo no tocante à isenção e ao esclarecimento.

A matéria publicada com grande destaque pela Folha de S.Paulo no domingo (9/3, “Embrião congelado por oito anos produz bebê“) é tendenciosa. Foi contestada de forma irrefutável no dia seguinte por Ênio Candotti, ex-presidente da SBPC, mas a carta do respeitado cientista (Painel do Leitor, pág. A-3) foi visivelmente encurtada e colocada logo em seguida à desbragada louvação de um leitor seduzido pelo “pluralismo” do jornal. A entrevista do cientista Oliver Smithies (segunda-feira, 10/3, pág. A-19) que contesta a matéria do dia anterior não mereceu chamada na primeira página (“Embrião usado para terapias não vai morrer, diz Nobel“).

Esta derrapagem clerical da Folha talvez se explique pelas suas relações com Ives Gandra Martins (advogado da CNBB na ação que transita no STF) e não como opção religiosa. Qualquer que seja a motivação foi um artifício tendencioso.

O Globo e o Estado de S. Paulo, embora ligados a setores católicos fundamentalistas, até agora não fizeram grandes concessões. A surpresa é oferecida por Veja, que não esconde sua preferência conservadora em matéria política, mas na questão das células-embrionárias assumiu uma visível posição progressista através das duas últimas entrevistas das “Páginas Amarelas” – com a bióloga Mayana Zatz (edição 2050) e com a presidente do STF, Ellen Gracie (edição 2051).

Impossível desconhecer que a oposição às pesquisas com células embrionárias é comandada por motivações religiosas. Isso precisa ser explicitado. O debate não tem nada de científico, resume-se ao confronto entre o sectarismo (embelezado por pinceladas espiritualistas) e a liberdade do espírito humano. Impossível desconhecer também que na história do conhecimento e na busca da razão os dogmas religiosos sempre favoreceram os retrocessos.

Confronto milenar
O Brasil demorou tanto para ser beneficiado pela tipografia desenvolvida por Gutenberg simplesmente porque foi impedido pela Igreja por meio do seu grupo mais radical, os dominicanos que controlavam o Santo Ofício da Inquisição.

Estamos nos preparando para festejar os 200 anos da nossa imprensa sem levar em conta que os primeiros jornais do continente foram publicados um século antes dos nossos. Este atraso deixou marcas profundas em nossa cultura e em nosso comportamento.

Passamos ao largo do racionalismo e do iluminismo porque a Santa Madre Igreja, desde 1536, estabeleceu nos dois lados do Atlântico um rigoroso sistema de censura de livros e idéias.

Como escreveu Ênio Candotti na minimizada carta publicada pela Folha, a ciência ajuda a vida a ser vivida. O confronto conhecimento versus vida é falso, enganoso. Ou, como afirma Oliver Smithies, “é errado discutir a perspectiva do uso terapêutico [de uma célula-tronco] como algo que requer a morte de embriões. A célula-tronco humana em tratamentos é o modo de preservar a vida embrionária”.

Com punhos de renda e civilidade, é verdade, sem a brutalidade das fogueiras que atormentaram Galileu no século 17, repete-se agora no Brasil o milenar confronto entre humanismo e religião, entre a busca da verdade e os antolhos da ignorância.